Consequência...

No dia 07 de Abril de 2008, deu-se a publicação da entrevista, feita em Fevereiro do mesmo ano no jornal Público. Nessa entrevista está a ser exposta a minha opinião e a de mais colegas sobre aquilo que foi feito connosco no RN.







Sociedade preconceituosa com a defeciencia...

Para muitos de vós que me conhecem, é um erro chamarem-me deficiente.
Mas a verdade, é que me chamam…
E eu agora já, aceito isso com toda a naturalidade!
De maneira a explicar, o porquê desse nome para comigo, e o porquê de já o aceitar, vou passar a apresentar algumas das razoes:
- segundo o código da estrada sou visto, como um deficiente;
- já encontrei vários papéis, em que chamaram a pessoas com o meu tipo de problemas e a mim de deficientes;
- em certos momentos há pessoas na sociedade que me tratam por deficiente. Para perceberem mais facilmente vou passar a explicar uma ocasião de que estou muito bem recordado e que foi uma de entre muitas que me aconteceram:
Á uns meses atrás, ia eu de comboio, quando a meio do trajecto, liga-me um colega a dizer que tinha um problema e queria que o fosse ajudar. Com a finalidade de o ajudar, resolvi sair no próximo apeadeiro. Nesse apeadeiro, encontrei um senhor de meia-idade, e perguntei-lhe quando seria o próximo comboio.
Com a finalidade de ele me ajudar, contei-lhe o que se tinha passado com o meu colega e o porque de eu estar assim. Passado mais uns minutos, chegou o comboio, entrei com o senhor e fiquei sentado ao lado dele a conversar. Chegou o revisor, para picar os bilhetes e o senhor, no primeiro instante, calmamente disse-lhe que eu era deficiente, que tinha um problema e que tinha que voltar para trás. A sorte do homem foi que eu já estou consciencializado, há muito, de que na sociedade, me podem tratar por deficiente, senão podia haver graves "pancadas".
-Tenho amigos, familiares, que não aceitam o facto de eu ser chamado deficiente;
Tenho amigos que tiveram um problema semelhante ao meu, que não aceitam o facto de serem chamados por deficientes e outros que aceitam perfeitamente. Eu também nos primeiros anos deste problema, não me considerava deficiente e detestava que me chamassem esse nome ou que me associassem a esse grupo. Mas esse é um forte erro que tive e que muitas das pessoas têm e que tem uma simples resolução. O senso comum, associa a palavra deficiente a um indivíduo inútil com problemas graves tanto a nível físico, como psicológico.
Estou a dizer isto porque ao fim de umas dezenas de conversas todas as pessoas deram isso a transparecer.
Uma defciencia é uma anomalia,é uma falta de algo…
Só para terem uma noção, a média aponta, para uma pessoa em cada dez pessoas é deficiente.
Temos que nos naturalizar com o termo deficiente e também desmistificar a noção errada que temos. Falo em desmistificar e naturalizar porque houve temas e certas palavras que há umas dezenas de anos atrás eram quase proibidas e hoje em dia já não o são.
Ex: Sexo, homossexualidade, Corrupção, …
E isto tudo, para dizer que a palavra, deficiência tem que assumir um papel de idêntico caminho.
De modo a consolidar, mais esta ideia deixo aqui uma frase de Fernando Pessoa que remete a este tema:
“O perfeito é desumano porque o humano é imperfeito”
E eu não tou aqui a escrever isto, só por mera escrita, mas sim porque pessoas como eu ou como os meus colegas, gostaríamos que a sociedade agisse de uma forma mais correcta connosco.
Um dos problemas actuais que existe é a nível, da colocação de pessoas com este nome num posto de trabalho, como os meus colegas já demonstraram e eu já visualizei.Podem-me chamar deficiente, mas isso não me afecta rigorosamente nada.
E até fico com um sorriso nos lábios!Eu sei perfeitamente, daquilo que sou capaz...
E o porque desse nome para comigo. Se eu tenho coisas para isso...
E agora já concorda comigo?Proponho-vos:Antes de se deitarem, pensem nesta resposta e na mensagem que retiraram daqui...

"primeiro estranha-se, depois entranha-se"

Porquê, que escrevo assim?

Minha escrita é formal, devido a considerar, que só assim é que vou ter maior aprendizagem, na forma de colocar o português correctamente, e assim desenvolverei.
Pode-vos parecer que não, mas a minha adolecencia e os anos em que eu andei na escola tiveram muitas "lacunas".
Tambem foi uma forma encontrada, para conseguir expor e organizar as minhas ideias, os meus pensamentos, o que me vai na cabeça e assim consigo transmitir aquilo que quero de uma forma mais rápida, e com uma mais fácil percepção para o ouvinte.
Sei tambem, que a escrita por abreviaturas e com a supressão de determinadas letras, em teclados QWERTY, como quando com "k", "x", "qd", tornasse viciante e muito complicado corrigir depois.
Se eu quero evoluir, acho esta uma das formas de corrigir o meu português...

"Pensamentos" aéreos

Escrevo muito, apesar dos problemas que tenho, tiro notas, leio o jornal.
Considero este um dos tipos de comunicação que consigo melhor.
Sem querer, tornou-se a maneira em que consigo que saiam e entrem novas informações e assim evoluir e passar para o nível seguinte!
Quem me conhece bem, sabe ás horas a que me levanto. Já experimentei ficar na cama, meio acordado a relaxar, mas sem querer ponho-me a pensar em coisas que me deixam “off”.
E isso, comigo nunca!
Essa experiencia não é recente, porque quando andava no liceu, logo após o acidente, levantava-me ás 4h e 5h da manha para estudar, porque era quando os meus pensamentos andam mais á “superfície”.
Um outro aspecto que me influenciou muito a tomar esta atitude é devido a quando chego ás 21h, tenho fraca visão e meu raciocinio está desligado!

Neste momento, acho que até já consigo ter uma comunicação. Mas em 2002, 2003, 2004, 2005, (até hoje se passa, mas é com muito menos frequência), tinha inúmeros problemas que eram sobretudo criados por mim e não os conseguia expor a quase ninguem.
Para me ajudar, na falta de palavras certas para descrever o que quero transmitir, escrevo com o objectivo de trasnsmitir bem o que quero.
Lembro-me que na escola para eu responder e falar sobre determinados temas, tinha que escrever, ler sobre esse tema senão, falava pouquíssimo ou até ficava "mudo". Para resolver esse problema, por vezes, escrevia textos até muito longos para descrever pequenas coisas…
E hoje, até já escrevo mais ou menos. Se continuar com este ritmo, vou evoluir muito.
Considero este problema, como uma mega-injecção de hábitos novos e de capacidades retiradas.

Infelizmente a niveĺ comunicativo

Cada vez mais, acho que o mundo do trabalho, está mais mecânico, não estando preparado para pessoas, que estão numa fase de reconhecimento e de adaptação como eu.
Uma prova disso, foi o relatório que o meu formador me mostrou acerca do meu ultimo trabalho sobre o EXCEL. Escreveu que ainda sou muito lento a trabalhar e que ainda, não estou preparado para entrar no mercado de trabalho! Isso desanimou-me. Mas eu considero que se eu continuar com este ritmo e com esta vontade, que eu vou lá. Não vou desistir, porque como disse no Publico “quando se quer algo lutar, é meio caminho andado para se conseguir!”
Para resolver estes meus problemas, tenho formas de contornar-los. Diariamente, costumo ir ao multibanco, consultar os movimentos que tenha feito na minha conta. Tem inúmeras aplicações, como: tenho um maior contacto com coisas que futuramente vou fazer, e assim vou-me habituando, ao funcionamento do sistema de multibanco, tenho acesso aos últimos movimentos que fiz com a minha conta e com isso consigo-me inteirar das ultimas datas.
Quando estava nas aulas, por vezes, estavam os professores a explicar e eu estava a pensar em coisas totalmente diferentes. Era uma coisa, que era totalmente desadequada, mas não expunha o meu problema a quase ninguem porque ainda não estava habituado a falar, de modo a tentar darem uma resposta aos meus problemas. Considerava, um estado em que, eu próprio, me desligava completamente do mundo terrestre e "voava". Punha-me a pensar em coisas que ao inicio tinham significado para mim, mas depois fugia e pensava em x coisas, tipo efeito dominó! Quando “caía” nesse estado era algo difícil eu sair sozinho, apenas quando alguém me dava aquele clique, é que eu “acordava”. O mais engraçado, era que estava a escrever sobre determinadas coisas que estava a pensar. “á priori” para tentar resolver este meu problema, tinha que ter assegurado determinadas condições. Ter um quarto de banho próximo, porque constantemente estou a ir lá, para molhar a cara, lavar as mãos, para sair do estado de monotonia provocado.
Gosto que me deixem comentários, criticas sobre aquilo que “penso”, porque assim fico a saber como os outros vêem o meu pensar, e os erros que cometo.
Pode ser que os erros se corrijam e veja outros pontos de vista!